quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Epifania Terminal

   Nada de pânico. Não estou aqui para relatar alguma revelação dita no derradeiro suspiro de alguém. Muito menos compartilhar meus devaneios em algum leito. Não. Trata-se somente de algumas reflexões baratas que brotaram em minha mente ao perder por meio minuto o meu ônibus no terminal.
***
   Lá estava eu, com uma mochila de no mínimo 12 quilos nas costas e uma sacola entupida em uma das mãos descendo de um ônibus e olhando fixamente pra a outra plataforma, conferindo a presença ou não do outro bus que eu iria pegar logo em seguida. Qual foi minha surpresa ao, além de avistá-lo do outro lado do terminal, ver o motorista como que em câmera lenta embarcando no ônibus e arrancando... 
   "Não, não é possível!" - foi a única coisa que  consegui pensar logo no momento. Achei um banco, sentei e foi aí que comecei a olhar fixamente para o céu... De um lado, um dia ensolarado. Em contrapartida, bastava virar um pouco a cabeça para enxergar um céu assustadoramente nublado - para não dizer quase negro.
   O choque de cores e texturas estampado nos dois céus, que na verdade são somente um, me despertou uma pergunta antiga. Já a li em livros, já vi em TV, em revistas... coisas do tipo. "Se no princípio tudo era Luz, de onde surgiu a Escuridão?" - foi essa a questão. E confesso que ela me tomou boa parte da minha espera pelo próximo ônibus.
   Creio que talvez se trate de uma reflexão metafísica até demais para esse espaço, mas o fato é que isso pode ser aplicado nos mais diversos campos da condição do ser humano. Por exemplo: se antes a terra não possuía donos, a partir de que momento surgiu a propriedade privada? Uma possível aplicação modificada da pergunta inicial.
   Nada de discutir aqui possíveis respostas. É algo delicado demais, tanto em seu desdobramento inicial (metafísico), quanto em seu último contexto (pendendo para a Política).
O que venho trazer aqui é a essência desse questionamento, desnudando-o de qualquer veste ideológica... A partir de quando é que surgem os obstáculos?
   Na minha (humilde) opinião, creio que os obstáculos são tão primitivos quanto a ação a qual se opõe. O fato é que, da maneira como as questões vestidas de ideologias nos são colocadas, parece até que a suposta perfeição inicial se tratava da mais plena, eterna e absoluta realidade.
   Algumas vezes, as informações nos são passadas de modo que nos acostumamos a não correr atrás dos antecedentes. "Por quê?", "Mas...", "O que isso realmente significa?" são algumas indagações fundamentais para a solidificação do conhecimento e da informação adquirida.
   Guimarães Rosa já lutava contra o comodismo mental... seus livros eram suas armas! As pessoas, antes de amaldiçoarem uma situação, devem avaliar de onde é que surgiu a chaga que hoje lhes fere tanto. E, francamente, muitas vezes o obstáculo reside em nós mesmos. Digo "nós" tanto no sentido coletivo (humanidade), quanto no sentido mais... pessoal. 
   Será que optei por tal coisa por egoísmo? Seria vaidade? Talvez foi um momento de fraqueza? Ou seria um pouco de escárnio? Os  sentimentos estão aí, mas as ações somos nós que fazemos. 
   Propriedade privada, concentração de renda, aborto, homofobia, genocídios, corrupção... quando surgiram? E de onde vieram?
   Não sei. Não espero respostas tão cedo. Tudo muito delicado. 
   Epifania terminal.



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Boicotando o Stress

   Que atire a primeira pedra aquele que em momento algum nunca se sentiu estressado! Infelizmente, a corrida contra cada mínimo milésimo tornou-se cada vez mais cansativa, cada vez mais desgastante. A sensação de que o tempo é mais rápido do que nosso simples ato de pensar, seja em fazer alguma coisa ou no de ter alguma reação ao estímulo, já nos dá uma mostra de que o frenético ritmo de vida tomado como certo pelo mundo dá sinais de colapso.
   Creiam: uma mente sonolenta também se estressa, também se cansa. Diria que o título do blog me veio justamente antes de dormir, quando a sonolência era o sentimento predominante sobre mim. A grande chave da questão é que estamos em um longo período de FÉRIAS! Sim, eu não possuo uma mente sonolenta no normal. Pelo contrário, no meu natural ritmo de vida eu a classificaria como "elétrica".
   "Mas por que elétrica, Dani?"... bem, como responder? A eletricidade, a tamanha atividade e a velocidade com que fluíam meus pensamentos se destacaram principalmente ano passado pelo seguinte motivo: cursinho. Pois é, ano de cursinho a gente nunca esquece! A extenuante rotina me fez desacostumar de nada fazer; esqueci o que é apreciar o ócio. Esse é o meu motivo de estresse, simples assim. A partir do momento em que eu aceito nada fazer, eu me ponho no mesmo patamar dos preguiçosos mórbidos (abomináveis, na minha opinião). Sem neuras, uma preguicinha de vez em quando é normal, mas conviver com sua constante presença como se nada de errado estivesse acontecendo não é nada normal.
   Preciso de ação, preciso de conversas, preciso de risadas. É isso. E o ócio me corrói aos poucos, trazendo à pele um incômodo que formiga, trazendo à mente um incômodo que me traz culpa. O estranho, porém, é que eu passei no vestibular e me ponho a não aproveitar o ócio que me veio de presente! Nove meses de férias... isso que dá passar para o segundo semestre! Mas, vamos admitir, férias só são boas em boa companhia.
   Para boicotar o stress, o que fazer? Ler, caminhar, correr, meditar, aprender uma língua nova, viajar... "só" isso? Não temos nada além? O leque de possibilidades é imenso, mas nem sempre todas as opções estão ao nosso alcance. Começarei a boicotar o stress aos poucos, com calma... enxotá-lo daqui de dentro como se fosse um amigo inconveniente. Aquele amigo nosso que não tem muita noção de que está atrapalhando, e que a gente tem de tirá-lo aos pouquinhos para não causar ressentimentos.
   Nada como uma sessão de fotos, um filminho, um bom café! Bem, eu já vou começar a tentar espantar o Ócio e o Stress daqui, com licença.
  "Stress, querido... sabe como estão as coisas? Tenho que te dizer um negocinho..."
   Uma foto para botar o tédio para correr:

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Coisas de Dani

   Primeiro, uma breve apresentação.
   Sou Dani, não Daniela. Sou Dani, Daniele. Algo curioso ronda esse nome, pelo menos em relação a todas as Danis que já conheci. Algo em comum, que de modo espantoso todas as Danis que por mim passaram carregam em si.
   "Mas o que é isso, Dani?", talvez pergunte você. Faça um teste e comece a reparar nas conversas de Danis, nas posturas de Danis, nos olhares de Danis, nas atitudes de Danis... enfim, nas coisas de Dani!
   Se eu de cara revelasse, tudo perderia a graça. É preciso um tempo para processar a informação, do mesmo modo para que se desperte a curiosidade (que por fim despertaria a observação).
   Aguardar um pouco não custa nada, basta reparar e já encontrará a resposta. Talvez toda essa conversa não passe de uma viagem estranha que só é válida para as Danis que conheci. Mas quem sabe ela não encontra eco nesse grande mundo? Quem sabe? Só esperando e observando para confirmar uma teoria inusitada como essa!

   Chega de coisas de Dani... vamos partir para um poema. Um pouco de poesia não faz mal a ninguém.

Obs.: não pensei muito em um título, deixo esse como provisório.

Enrolo, (eu) enrolo e tchau!

Calma minha de pirata,
que vem e me restaura,
da dor faz saudade,
do amor solidão.

Belo canto de sereia, 
nas ondas patina,
faz brilho na espuma,
mar imensidão.

Sortuda fé da barata, 
põe luz na fumaça,
devora meu peito, 
me deixa ao chão.

Esmalte vermelho carne,
sangra nos meus dedos,
rubro escorrer,
pinga no algodão.

E eu, que já estou indo,
cansei de escrever,
devo terminar,
tchau, enrolação.


    Poeminha simples, nada demais. Peço até desculpas por ser tão ordinário. Mas é para isso que estou aqui: inventar! Qualquer que seja o valor desse invento, minha mente trabalhou para trazê-lo a esse mundo.
Então, por hoje é só~